O tratamento de ozonioterapia para Peyronie tem levantado algumas dúvidas quanto à eficácia e segurança. De antemão, é preciso saber que esse tipo de tratamento integra o rol de terapias da medicina alternativa e, portanto, agrega opiniões favoráveis e contrárias, mas não é procedimento reconhecido pelas entidades médicas oficiais no Brasil.
De acordo com a premissa do tratamento de ozonioterapia para Peyronie, alega-se aumentar a quantidade de oxigênio na região tratada, introduzindo ozônio – o que hipoteticamente traria melhoras e até mesmo reversão na condição.
Cumpre lembrar que Peyronie é uma doença que requer tratamento e diagnóstico adequado e sistemático, já que prejudica a vida masculina, causando dor, desconforto e, muitas vezes, impossibilita a prática sexual.
No campo dos conhecimentos científicos e das evidências já produzidas e constatadas, os resultados obtidos são limitados. Compilamos abaixo os principais estudos a respeito do tratamento de ozonioterapia para Peyronie e dados computados sobre esse tipo de terapia.
Ozonioterapia
Antes de entender como o tratamento à base de ozônio promete tratar a doença de Peyronie, que, por sua vez, é caracterizada pela formação de placas fibrosas no pênis, deixando o órgão curvado e causando dor, vamos entender um pouco melhor o que a literatura existente diz a respeito da ozonioterapia, de modo geral.
O gás ozônio (O3), descoberto em meados do século XIX, é uma molécula composta por três átomos de oxigênio em uma estrutura dinamicamente instável. Embora o O3 tenha efeitos perigosos, há defensores e pesquisadores que acreditam que ele promove muitos efeitos terapêuticos.
O mecanismo de ação dos tratamentos à base de ozônio se dá pela suposta inativação de bactérias, vírus, fungos, leveduras e protozoários, estimulando o metabolismo do oxigênio e ativando o sistema imunológico.
Ocorre que o uso de medicação em estado gasoso ainda é incomum e, por isso, técnicas especiais de aplicação tiveram que ser desenvolvidas para o uso supostamente seguro do O3.
Considerando que a adoção de tratamentos médicos convencionais são pautados em pesquisas sólidas e evidências concretas, os tratamentos à base de ozonioterapia em qualquer esfera ainda não são considerados eficazes, pois não há uma quantidade significativa de literatura que suporte os resultados alegados por especuladores e pesquisadores que utilizam métodos alternativos para averiguar eficácia.
Ozonioterapia Peyronie: Eficácia e segurança
A partir de uma meta-análise de conteúdos existentes a respeito do uso de ozonioterapia para Peyronie, foi possível verificar promessas em diferentes frentes: ora alega-se que o tratamento à base de ozônio é vasodilatador e, portanto, ajudaria a destruir a fibrosa causada pela doença, ora alega-se a capacidade anti-inflamatória e analgésica do tratamento, combatendo a dor que a condição causa ao homem.
Essas alegações não possuem nenhum tipo de suporte científico ou regulamentação de órgãos fiscais de saúde e segurança sanitária.
Contudo, não é incomum encontrar manifestações e conteúdos alegando não haver efeitos colaterais, o que é uma afirmação perigosa, uma vez que é sabido que a exposição ao ozônio pode aumentar significativamente os riscos de doenças pulmonares e respiratórias, mesmo que seja administrada uma pequena quantidade.
Danos aos tecidos pulmonares, tosse e problemas de respiração são apenas alguns dos possíveis efeitos colaterais. Cumpre ressaltar que em 2019 a FDA (Food and Drugs Adminsitration), órgão regulamentador norte-americano que exerce o mesmo papel da Anvisa no Brasil, emitiu uma declaração contrária ao uso de ozônio, alegando ser um gás tóxico e que não tem nenhuma aplicação útil conhecida em medicina corretiva ou preventiva.
Sendo assim, o tratamento de ozonioterapia para Peyronie, além de não ser comprovadamente eficaz, é comprovadamente danoso à saúde e à integridade física. Homens acometidos pela doença de Peyronie que queiram reverter a situação devem considerar que os tratamentos seguros e eficazes são feitos à base de medicamentos e cirurgia corretiva, após o diagnóstico adequado.