O implante de prótese peniana pode ser uma boa opção para os pacientes que sofrem de disfunção erétil severa. Com esse recurso, melhora-se a qualidade de vida e a autoestima de muitos homens que são acometidos por essa complicação.
Contudo, não é raro haver intercorrências, e as complicações podem levar a catastróficos resultados, como infecções severas. Quando o paciente passa por essas complicações, deve ser submetido a uma rigorosa análise para que o profissional possa traçar o melhor tratamento para reverter ou diminuir os danos.
Por que ocorre a disfunção erétil?
A disfunção erétil, quando se manifesta, tende a acometer homens com idade a partir de 40 anos. Estima-se que 20% dos homens sejam prejudicados por essa complicação em níveis moderados a grave.
A principal causa da disfunção erétil é o envelhecimento. Mas é válido considerar que doenças como diabetes mellitus e hipertensão arterial são condições que predispõem a impotência.
Em relação ao processo fisiológico, para que haja ereção, envolve-se o sistema nervoso parassimpático, que ativa a liberação de NO (óxido nítrico) no corpo cavernoso, que, por sua vez, são estruturas de tecido esponjosos que contêm grande parte de sangue durante a ereção.
Esse óxido nítrico se liga a alguns receptores de enzimas que leva ao aumento de GMPc (guanosina monofosfato cíclico). Esse processo faz com que a musculatura do corpo cavernoso relaxe. Com a vasodilatação, potencializando o fluxo sanguíneo na região. Todo esse processo culminará na ereção.
Quando ocorre a disfunção erétil, há dificuldade ou impossibilidade de alcançar ou manter uma ereção duradoura o suficiente para a penetração. Embora não casos como esse não sejam raros, quando o problema persiste rotineiramente, requer tratamento médico, já que, muitas vezes, pode ser sintoma de alguma doença ou complicação.
A disfunção erétil pode ser, por exemplo, um sinal de alerta de doença cardiovascular, indicando que os bloqueios estão se formando no sistema vascular do homem.
De acordo com revisões literárias, há estudos que apontam que homens com disfunção erétil correm risco significativo de sofrer um ataque cardíaco, derrame ou problemas circulatórios nas pernas.
Se a D.E. está afetando o bem-estar de um homem ou seus relacionamentos, deve ser tratada. O tratamento visa corrigir ou melhorar a função erétil, ajudar na saúde circulatória e ajudar na qualidade de vida do homem.
Em alguns casos mais severos, o profissional pode prescrever o uso de próteses penianas.
Como funcionam as próteses penianas?
Para a maioria dos homens, a disfunção erétil pode ser tratada com sucesso com medicamentos ou com o uso de dispositivos de constrição a vácuo (popularmente conhecidas como bombas penianas).
Já as próteses penianas costumam ser indicadas quando os outros tipos de tratamentos não surtem efeitos. Além disso, os implantes também podem ser recomendados como tratamento para a doença de Peyronie, que, por sua vez, faz com que ocorra a formação de tecidos fibrosos no pênis, levando à deformidade.
No entanto, não são todos os pacientes que são elegíveis para o uso de próteses penianas.
Homens com disfunção erétil potencialmente reversível; com infecções pulmonares ou do trato urinário e com diabetes não controlada integram a lista de contraindicação do tratamento com próteses.
Além disso, é importante ter em mente que embora o implante de próteses penianas ajude na obtenção de ereção, assim como todo procedimento cirúrgico, não há garantia de que não haverá complicações.
Possíveis complicações do implante de próteses penianas
Quando se fala em intercorrências em decorrência do implante de próteses penianas, uma das principais manifestações é a infecção. Fato é que qualquer tratamento invasivo (ou seja, cirúrgico) pode levar a quadros infecciosos. Pacientes com diabetes ou lesões na medula têm maiores de chances de desenvolverem infecção.
A infecção em decorrência de cirurgia de implante de prótese pode, até mesmo, levar à morbidade pós-operatória, além de todo estresse psicológico para o paciente.
De acordo com uma revisão sistêmica de literatura, publicada em 2019 no World Journal of Men’s Health, constatou-se que vários fatores foram associados ao aumento do risco de infecção pós-colocação da prótese, tais como tabagismo; colonização nasal pela bactéria Staphylococcus aureus; cirurgia revisional; lesão na medula óssea e problemas com os níveis de hemoglobina.
Ainda de acordo com o estudo, fatores que não apresentaram efeito na taxa de infecção incluem limpeza pré-operatória com antisséptico; histórico de radiação anterior; histórico de desvio urinário; obesidade; circuncisão concomitante; imunossupressão; idade superior a 75 anos e colocação de dreno pós-cirúrgico.
Já os fatores associados à diminuição das taxas de infecção, de acordo com o referido estudo, incluem: experiência do cirurgião; técnica “No Touch”; administração de antibióticos pré-operatórios e remoção de pelos no campo operatório.
A otimização dos fatores de risco pré-cirúrgicos e intra-operatórios é fundamental para reduzir a taxa de infecção da prótese peniana pós-operatória. No entanto, pesquisas adicionais são necessárias para elucidar os fatores de risco e maximizar os benefícios.
É importante ressaltar, contudo, que além dos problemas de infecção, outra possível complicação associada ao implante de próteses penianas incluem problemas no próprio implante.
De modo geral, os implantes possuem anatomia e segurança confiável, mas em casos mais raros, os implantes podem não se adequar ao organismo. Quando isso ocorre, torna-se necessária a cirurgia de remoção, reparação ou substituição.
Por fim, outra possível complicação está relacionada à erosão interna ou adesão. Em alguns casos, um implante pode aderir à pele dentro do pênis ou até mesmo desgastar a pele dentro do órgão. Raramente um implante rompe a pele e, na maioria dos casos, essa é uma consequência de quadros infecciosos.
Tipos de próteses penianas
Existem três tipos principais de implantes penianos:
Implantes infláveis, que são o tipo mais comum de implante peniano usado. Esse é um dispositivo que pode ser inflado para criar uma ereção e esvaziado em outras ocasiões. Os implantes infláveis de três peças usam um reservatório cheio de fluido implantado sob a parede abdominal, uma bomba e uma válvula de liberação colocada dentro do escroto e dois cilindros infláveis dentro do pênis.
Para atingir a ereção, o homem deve bombear o fluido do reservatório para os cilindros. Em seguida, libera-se a válvula dentro do escroto para drenar o fluido de volta para o reservatório.
O modelo de duas peças funciona de maneira semelhante, mas o reservatório de fluido faz parte da bomba implantada no escroto.
Implantes maleáveis ou semi rígidos, que são sempre firmes. Mas, ao contrário das versões mais antigas, os implantes semi rígidos não têm mais em seu interior filamentos de liga metálica.
Nesse caso, o pênis pode ser inclinado para longe do corpo para atividade sexual e em direção ao corpo para ocultação.
Temos, ainda, as próteses articuláveis. Este é um dispositivo mais moderno e oferece mais conforto em relação ao posicionamento do pênis, além de oferecer um bom desempenho em relação à rigidez. Contudo, ele pode fazer com o que o órgão apresente algumas irregularidades, o que pode ser um fator contra que pese na decisão.
O primeiro passo é passar por uma consulta para que junto com o profissional o paciente possa analisar os prós e contras de cada modalidade e fazer a melhor opção. Além disso, recorrer a um profissional capacitado é fundamental para diminuir as chances de complicações e obter, desse modo, um resultado satisfatório.
Fontes:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30033128/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6704299/
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2050052118300556
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2581729/