Muito resumidamente, as curvaturas do pênis podem ocorrer de duas maneiras, congênita ou adquirida. As curvaturas adquiridas estão associadas a traumas e lesões, como é o caso da doença de Peyronie, como já falamos aqui no blog, já a curvatura peniana congênita estamos em outro “departamento” com fisiopatologia completamente diferente.
A curvatura congênita é uma tortuosidade no pênis de homens jovens e saudáveis que passa a ser notada sobretudo entre os 18 e 30 anos de idade. Por ser algo congênito, os homens já nascem com esse problema que é percebido, contudo, somente na puberdade e adolescência, quando o jovem começa sua vida sexual.
A curvatura peniana congênita apresenta tortuosidade para todos os lados, mas é mais comum que seja para baixo e que ocorra em homens com pênis grandes.
Outra característica que diferencia a curvatura peniana congênita da doença de Peyronie, é que não há a presença de placas palpáveis ou presentes em exames diagnósticos.
O que diferencia um pênis normal de um pênis com curvatura congênita, é que no primeiro os tecidos simetricamente elásticos e sua ereção é reta, enquanto que no pênis com curvatura, o pênis é assimétrico durante a ereção. Durante o estado de flacidez não há qualquer diferença perceptível.
Tipos de curvaturas congênitas peniana
Na década de 1970, um pesquisador chamado Devine classificou a curvatura congênita peniana em cinco tipos distintos:
No tipo I da curvatura congênita, há uma fusão inadequada entre o corpo esponjoso e os demais tecidos da uretra, além disso, nenhuma das camadas envolventes é formada de forma correta, mas a ponta da uretra está bem formada;
No tipo II da curvatura congênita, há a formação de uma faixa de tecido fibroso abaixo e nas laterais da uretra, que também está desenvolvida normalmente;
No tipo III da curvatura congênita, há uma pequena área de tecido não elástico na camada de Dartos do pênis que provoca uma curvatura relativamente acentuada, bem como o desenvolvimento anormal da fáscia de Dartos. As demais estruturas do pênis são desenvolvidas normalmente;
No tipo IV da curvatura congênita, ocorre a falta da elasticidade de um dos lados da túnica albugínea do corpo cavernoso. Esse é o tipo de curvatura mais comum entre os pacientes, no qual há uma hipercomplacência da túnica albugínea, que é notada de maneira mais acentuada à medida que o jovem atravessa a puberdade, que é a fase em que a curvatura peniana é mais acentuada. Nesta classificação encontram-se o que chamamos de Curvatura Peniana Congênita “Verdadeira”.
O tipo V (extremamente raro) da curvatura peniana também é conhecida como uretra curta congênita, nesse caso da doença ocorre a fusão correta dos tecidos no pênis, tais como túnica albugínea, epitélio uretral, corpo esponjoso, fáscia de Buck, fáscia Dartos e pele ventral, entretanto, durante a ereção a uretra e o corpo esponjoso não tem comprimento suficientes para igualar as outras camadas de tecido dorsal, provocando uma curvatura.
Os tipos de curvatura congênitas I, II, e III ocorrem devido ao desenvolvimento fetal inadequado das estruturas ventrais do pênis, já o tipo IV da curvatura congênita peniana, é resultado da hipercomplacência dos corpos cavernosos levando a uma curvatura ventral ou lateral, podendo ser tanto para a esquerda quanto para a direita.
Tratamento para a curvatura congênita peniana
O tratamento para a curvatura congênita peniana é cirúrgico pela Técnica STAGE:
Primeiro é realizada a circuncisão (em alguns casos não é necessária), com dissecção das fáscia de Dartos e da fáscia de Buck. Uma agulha é posicionada para uma ereção artificial, facilitando assim o desenvolvimento da cirurgia;
Com a ereção artificial é possível observar o formato da curvatura peniana e o local exato em que essa curvatura acontece;
Em seguida, são realizadas incisões em elipses da túnica albugínea em sua camada mais superficial. A realização da elipse é programada geometricamente durante a ereção artificial;
Posteriormente, é feita a sutura e aproximação das extremidades das incisões. A camada profunda do corpo cavernoso é mantida intacta.
Finalmente, uma nova ereção artificial é realizada, no qual o pênis ficará em linha reta, mostrado o sucesso da cirurgia ou a necessidade de nova programação geométrica até completa retificação
Importância do diagnóstico precoce da curvatura congênita peniana
O benefício do diagnóstico precoce da curvatura congênita peniana, é que dessa maneira é mais simples orientar e preparar psicologicamente o paciente para uma futura intervenção cirúrgica, sem que isso possa prejudicar sua vida sexual.
O diagnóstico tardio da curvatura congênita peniana, em grande parte dos casos pode ser traumático para o homem, por possível comprometimento de sua vida sexual, pessoal e social, e em alguns casos, com medo ou vergonha de encarar a situação, correm o risco de entrar em depressão, ou ainda se envolver com tratamentos ineficazes e notadamente caros.
Abordagem da curvatura peniana com a família
Se você é jovem e acha que tem curvatura congênita peniana, procure seus pais ou responsáveis para expor o que está acontecendo, assim eles poderão levá-lo a um especialista qualificado que certamente irá ajudar a resolver essa questão no momento correto para que você possa ter uma vida sexual ativa e satisfatória.
Agora, se você o responsável por um jovem que suspeita de ter curvatura congênita peniana, o recomendado é que converse com ele abertamente, sem preconceito ou piadas, e explique que esse caso é comum, e que existe tratamento médico para resolver esse problema. Em seguida, busque um especialista de confiança para que ele possa diagnosticar corretamente a doença e o tipo e tratá-la da forma mais adequada.