Após a cirurgia para tratamento de câncer de próstata ou mesmo o tratamento de outras doenças pélvicas, um problema pode fazer parte da vida do homem: as perdas de urina.
Dados da Sociedade Brasileira de Urologia mostram que a incontinência urinária afeta 10 milhões de pessoas no Brasil. No homem a ocorrência está associada na maioria dos casos, as cirurgias na próstata para câncer. Esse procedimento em geral não afeta diretamente o esfíncter urinário, mas a própria doença e a nova realidade de trabalho do esfíncter urinário natural pode afetar sua função global– originando perdas involuntárias de urina.
Uma Prótese pode ser o único tratamento para os casos graves de perdas de urina. Por outro lado, o tratamento é extremante efetivo.
No caso de homens submetidos a cirurgia de próstata, há uma lei que regulamenta esse tratamento e obriga os planos e seguros de saúde a pagar o valor do esfíncter, que chega custar 60 mil reais. Com isso não há judicialização ou necessidade de acionamento dos planos e seguros para a autorização do tratamento e resolução de um quadro que limita demasiadamente as vidas de homens e mulheres.
Como funciona o trato urinário?
O sistema urinário é formado pelos dois rins, pelos dois ureteres – canais que retiram urina dos rins e levam-na até a bexiga, a bexiga, a próstata e a uretra.
Os rins funcionam 24 horas e filtram o sangue para a produção de 1 a 2 litros de urina por dia. Quando a urina chega até a bexiga, ela precisa ser acomodada e armazenada. Após algumas horas a bexiga alcança sua capacidade máxima e sentimos a necessidade de urinar.
Quando a sensação de bexiga cheia surge, podemos controla-la por mais algum tempo até que o melhor momento surja. Quando desejamos, nós voluntariamente desencadeamos uma contração vesical seguida da abertura da musculatura que fecha a uretra – o músculo do esfíncter urinário que funciona como uma comporta que se abre e se fecha conforme a nossa necessidade.
Para que a urina saia é preciso que a bexiga expulse seu conteúdo através e uma contração vigorosa e quando o fluxo se inicia qualquer obstrução, ou descoordenação entre a bexiga e o esfíncter, pode levar a esvaziamento irregular. O crescimento prostático também pode dificultar o esvaziamento vesical por obstruir a uretra, logo abaixo da bexiga.
A bexiga pode armazenar até 400 ml de urina (em alguns casos um pouco mais). Após esse volume ela nos avisa que é preciso urinar.
A incontinência urinária é comum em Homens?
Ela ocorre entre 11% e 34% dos homens idosos. Dois a 11% dos homens idosos relatam perdas urinárias diárias. Apesar das mulheres desenvolverem mais incontinência, as chances dos homens aumentam com a idade devido aos problemas causados pela próstata.
Qual a Solução para os casos Graves?
Existe um dispositivo mundialmente reconhecido como tecnologia padrão ouro para o tratamento da incontinência urinária masculina grave.
Ele recebe o nome de “Esfíncter Urinário Artificial” e é implantando em procedimento cirúrgico que reforça e substitui o mecanismo natural de continência por meio de uma prótese.
O Esfincter Urinário Artificial é acionado pelo próprio homem quando sente vontade de urinar e no restante do tempo o esfíncter permanece fechado sem a necessidade de qualquer ação.
A taxa de sucesso do esfíncter artificial é encontra-se em torno de 90%, número bastante expressivo e que realmente retira das fraldas a maior parte dos homens com incontinência grave. Alguns pacientes que ainda apresentam perdas, as possuem em quantidade muito menos relevante, com solução muito mais simples com uso de um absorvente de tamanho discreto.
Nem todos os homens estão aptos a receber esse tratamento, é preciso que a bexiga esteja em bom estado de funcionamento e que a uretra não apresente irregularidades importantes, entre outras condições.
Como funciona o Esfíncter Urinário Artificial AMS 800?
O sistema é composto de um manguito – espécie de anel preenchido com líquido estéril, balão regulador de pressão e bomba de controle conectados por tubos.
1 – O manguito reproduz a função do esfíncter natural, comprimindo levemente a uretra para manter a urina na bexiga.
2 – Ao sentir vontade de urinar, o homem pressiona a bomba de controle, que fica no interior do escroto.
3 – Acionada, a bomba transfere o líquido do manguito para o balão regulador, abrindo a uretra e permitindo a micção.
4 – Após alguns instantes, o líquido retorna automaticamente para o manguito, fechando a uretra
Quais benefícios que foram comprovados?
Comprovado: Há 40 anos, o esfíncter urinário artificial é o padrão ouro da medicina para o tratamento da incontinência provocada por deficiência do esfíncter após a cirurgia de próstata.
Oferece aos homens a oportunidade de conseguir continência ao longo do tempo.
Longa duração: Dados clínicos publicados mostram resultados a longo prazo.
Resultados do estudos clínicos
Desde 1972, mais de 150 mil pacientes em todo o mundo foram tratados com o esfíncter
urinário artificial. Estudos clínicos comprovam que o tratamento continua a ser a opção de
tratamento eficaz para a incontinência urinária masculina. No estudo clínico mais recente,
em que os pacientes tinham um esfíncter urinário artificial por uma média de 7 anos:
- 80% alcançaram continência social (exigindo de 0 a 1 fralda/dia).
• 88% disseram que eles iriam se submeter a operação novamente.
Outro estudo mostrou que:
- 90% dos pacientes relataram satisfação com o tratamento.
• 92% colocariam novamente o dispositivo.
• 96% recomendaria o dispositivo a um amigo.
Como é a Cirurgia?
O vídeo acima ilustra bem como é a cirurgia.
Ela é realizada em centro cirúrgico sob anestesia e todos os pacientes passam por uma avaliação endoscópica do interior da uretra, com isso excluímos casos raros não diagnosticados previamente de estreitamentos e também verificamos o posicionamento e ação do esfincter na uretra.
O procedimento dura cerca de 1h30min a 2h e os pacientes precisam utilizar uma sonda vesical por algumas horas.
A alta ocorre entre 12 e 24 horas com o Esfincter Desarmado, ou seja, os pacientes ainda apresentarão perdas até que a cicatrização local ocorra e até a uretra acomode o esfíncter.
Após 3-4 semanas o esfincter é ativado e o pacientes passam a contar com a desejada continência.
Casos mais complexos podem ser identificados previamente e por isso a avaliação pré-tratamento cuidadosa é extremamente relevante.
Caso o esfincter precise ser ajustado para maior continência, casos especiais podem ser submetidos a atualização dos níveis pressóricos com um procedimento mais simples, mas também cirúrgico.
Quem pode ser um candidato e quem não é candidato.
O sistema de controle urinário (AMS 800) é uma opção de tratamento para homens com incontinência urinária, de grau moderado a severo, provocada por deficiência esfincteriana intrínseca após a cirurgia de próstata.
Um pouco de força e destreza manual são necessárias para operar a bomba, que controla o dispositivo.
Se você apresentar qualquer um dos seguintes fatores, o AMS 800 não é recomendado para seu caso:
• Condições físicas ou mentais que impedem procedimentos cirúrgicos e/ou anestesia
• Um trato urinário inferior irreversivelmente bloqueado
• Hiperreflexia insolúvel do detrusor ou instabilidade da bexiga
• Pouca destreza manual
Bibliografia
Penson DF, McLerran D, Feng Z, Li L, Albertsen PC, Gilliland FD, Hamilton A, Hoffman RM, Stephenson R a, Potosky AL, Stanford JL. Resultados Sexual e Urinário 5 Anos Após Prostatectomia Radical: Resultados do Estudo de ResultadosApós o Câncer de Próstata. periódico The Journal of Urology maio de 2005;173(5):1701–5.
Grise P, Thurman S. Urinary incontinence following treatment of localized prostate cancer. [Incontinência urinária como consequência de tratamento de cancêr de próstata localizado]. periódico Cancer Control. 2001;8(6):532-539.
Side effects of radical prostatectomy [Efeitos colaterais da prostatectomia radical]. site LIVESTRONG.com. Acessado em 7 de setembro de 2011.
Fatos e estatísticas. site da National Association for Continence [Associação Nacional para Contingência]. http://www.nafc.org/index.php?page=facts-statistics. Acessado em 29 de agosto de 2011.
Brocklehurst JC. Urinary incontinence in the community–analysis of a MORI poll [Incontinência urinária na comunidade – análise de uma pesquisa da MORI). BMJ. 1993; 306 (6881): 832-834.
Questões pós-tratamento. Site da rede educacional e de apoio Us TOO International Prostate Cancer Education & Support Network. http://www.ustoo.org/post_treatment_issues.asp. Acessado em 29 de junho de 2011.
Ficha técnica do Estudo de Resultados Após o Câncer de Próstata. Site do National Cancer Institute [Instituto Nacional do Câncer] . http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Support/pcos. Acessado em 29 de junho de 2011.
Tan GY, El Douailhy Y, Te AE, Tewari AK. Scientific and technical advances in continence recovery following radical prostatectomy [Avanços científicos e técnicos na recuperação da contingência após prostatectomia radical].
periódico Expert Rev Med Devices. 2009;6(4):431-453.