As dores testiculares que ocorrem com inflamação, aumento de tamanho e dor aguda são bem conhecidas dos médicos e mesmo de muitos pacientes.
As torções de testículos, as infecções, as dores após cirurgias e a presença de tumores causam grande temor e levam os pacientes rapidamente à presença de um especialista, que prontamente realiza o diagnóstico e institui o tratamento mais adequado para cada caso.
Mas o que fazer na situação em qual as dores não possuem um diagnóstico claro e que…não passam?
Acredita-se que até 6% da população masculina tenha dores testiculares crônicas com importante impacto na qualidade de vida.
Esse número pode parecer pouco, mas na verdade é extremamente relevante já que quase todos os homens nessa condição não tem conhecimento da existência de tratamento eficiente para seu problema. São pessoas que possuem sofrimento intenso e que não estão tratadas de maneira eficiente ou definitiva.
Mas o que está acontecendo?
Muitas condições podem ocasionar orquialgia crônica (dor testicular crônica), dentre elas as prostatites com dor referida ao testículo, as inflamações testiculares virais ou bacterianas, os procedimentos cirúrgicos na região inguinal (virilha) ou escrotal e, em menor grau, as veias dilatadas dos testículos conhecidas como varicoceles.
É preciso, contudo, não tratarmos como a mesma coisa as dores difusas da região pélvica e a dor testicular isolada. O primeiro caso possui tratamento e fisiopatologia distintos da dor testicular localizada, que pode, com grande sucesso, ser tratada através de procedimento microcirúrgico minimamente invasivo.
Em relação ao tratamento, estudo que desenvolvemos no Hospital das Clínicas de São Paulo, revelou que a despeito da simplicidade e do alívio conseguido com medicamentos orais, a aderência ao tratamento foi de apenas 10% dos pacientes, revelando que o tratamento medicamentoso tem seu papel na terapia dessa condição.
Quando a dor é realmente importante, como nos casos de queda da qualidade de vida, impossibilidade para o trabalho, dificuldades durante o sono por ser acordado pela dor, ou quando a orquialgia é desencadeada por atividades cotidianas, é preciso oferecer terapia que possa debelar o quadro álgico de forma definitiva.
Como funciona o tratamento cirúrgico?
Quando se cogita o tratamento cirúrgico para alívio definitivo, é preciso se realizar um teste que comprove o papel isolado para inervação que caminha pelo cordão inguinal até o testículo, ou seja precisamos simular a desnervação microcirúrgica e checar sua eficiência.
Assim, após a realização de uma simples anestesia local com Xylocaína e verificado o alívio do quadro de dor do paciente, teremos segurança em saber que a secção cirúrgica da inervação que se dirige até o testículo provocará alívio duradouro ao paciente operado.
A desnervação testicular microcirúrgica é um procedimento operatório com duração de cerca de 2 horas que provoca cura ou melhora da dor testicular crônica em até 97% dos pacientes, quando bem indicada.
Desta forma, os pacientes com dor testicular crônica com queda da qualidade de vida ou com dor de forte intensidade, podem ser submetidos a procedimento operatório para cura ou alívio duradouro de sua condição.
Quanto à extração do testículo para o tratamento da dor, vale a pena a divulgação de mais uma informação: mesmo após a retirada completa do testículo, a dor permanece em até 50% dos casos como dor fantasma.
Se você possui dor testicular crônica de forte intensidade ou incapacidade, procure informar-se sobre o assunto. O seu caso por ter solução definitiva.
Dores Agudas. Vamos saber mais?
Quais as doenças que são importantes para o diagnóstico de uma dor testicular aguda?
a) Torção de testículo
A torção de testículo é a afecção testicular mais importante e com riscos mais graves que está incluída na gama de doenças do escroto agudo. A torção testicular ocorre mais frequentemente em adolescentes e adultos jovens.
A torção ocorre por um defeito congênito da fixação do testículo à parede escrotal, que permite uma rotação do testículo sobre seu próprio eixo, o que pode prejudicar o suprimento sanguíneo do mesmo e levar a necrose (morte do tecido) do testículo torcido. A torção pode ocorrer espontaneamente ou ser secundária a um trauma direto sobre o testículo.
A dor é tipicamente súbita, de início abrupto e de grande intensidade, podendo ocorrer durante as fases de sono profundo. Devido à dor intensa, podem ocorrer náuseas e vômitos e sudorese intensa.
b) Orquiepididimites
Outra condição testicular que pode gerar dor é a infecção do epidídimo e/ou do testículo, também conhecidas como orquiepididimites. Elas ocorrem por disseminação de bactérias que percorrem a uretra, entram no canal deferente (canal por onde o esperma normalmente é expelido) e atingem os órgãos genitais responsáveis pela produção e armazenamento do esperma.
Existem dois picos de idade nos quais as orquiepididimites ocorrem: nos adultos jovens, sexualmente ativos, sendo causadas por doenças sexualmente transmissíveis, e nos homens maduros, acima dos 50 anos, normalmente associada às infecções urinárias, originadas de bactérias do trato intestinal.
A dor testicular que ocorre nessa afecção tende a se iniciar de maneira menos súbita e mais leve tornando-se mais intensa a cada dia, também podendo estar associada ao ardor para urinar, aumento do volume do testículo e febre.
c) Torção de apêndice testicular
O apêndice testicular é uma estrutura sem função definida que é fruto da involução dos ductos que dão origem ao aparelho genital feminino. Ele se localiza no testículo, próximo ao epidídimo e pode sofrer uma torção, causando também dor de início súbito que pode motivar a procura pelo pronto socorro. Sua torção não traz consequências maiores e seu tratamento demanda apenas repouso e analgésicos.
d) Lesões da parede escrotal
Infecções bacterianas e por fungos podem afetar a parede escrotal, mimetizando a dor testicular, devendo ser consideradas como diagnóstico diferencial.
O que devo fazer ao sentir dores no testículo?
A melhor atitude a ser tomada ao sentir uma dor testicular aguda e intensa, é procurar imediatamente um pronto-socorro ou pronto atendimento mais próximo à sua residência.
Nenhum sinal ou sintoma clínico pode afastar ou confirmar os diagnósticos mais urgentes em um escroto agudo. Portanto é necessária a avaliação pronta de um médico urologista para a correta tomada de decisão durante essa urgência.
Existe um tempo determinado que um testículo possa ser destorcido e recolocado na bolsa testicular. Esse tempo é de até 12 horas. Quanto mais tempo se passa com o testículo sem o adequado suprimento sanguíneo, maior a chance de perda do mesmo.
Qual o exame necessário para definir o diagnóstico?
O exame mais preciso para definir o diagnóstico de um escroto agudo é a Ultrassonografia de testículos com Doppler colorido. Esse exame é capaz de detectar a presença de passagem de sangue para o testículo, notar pequenas torções dos apêndices testiculares ou perceber possíveis alterações do padrão da imagem produzida compatíveis com inflamação aguda/ infecção.
O médico urologista ou um cirurgião bem treinado, baseado nas informações clínicas, exame físico e na Ultrassonografia pode determinar com precisão o diagnóstico e o melhor tratamento a ser planejado para a condição apresentada pelo paciente no pronto- socorro.
Quais são os tratamentos disponíveis?
A) Torção testicular
O tratamento preconizado nos casos de torção testicular é a cirurgia para destorção testicular, associada à fixação do testículo na bolsa testicular. Essa conduta é fundamental para prevenir tanto novas torções quanto torções do outro testículo, e assim prevenir a perda dos dois testículos.
B) Orquiepididimite
Salvo raras exceções, a orquiepididimite deve ser tratada com antibióticos específicos e também deve-se realizar um aconselhamento para pesquisa de outras doenças sexualmente transmissíveis (HIV, hepatite C e hepatite B).
Existe alguma forma de prevenção?
Com relação à torção testicular, existem evidencias de que parentes de primeiro grau de pessoas que tiveram torção de testículo podem ter risco aumentado para torção. Dessa forma, essas pessoas devem ficar atentas e procurar rapidamente o serviço médico em caso de qualquer dor testicular.
As orquiepididimites podem estar relacionadas à pratica de ato sexual sem o uso de preservativos, dessa maneira, seu uso pode prevenir essa e inúmeras doenças relacionadas com a relação sexual desprotegida.