Nódulos e Tumores da Glândula Adrenal. Um Guia Completo.

Lesões Adrenais: Avaliação e Tratamento

Lesões Adrenais: Avaliação e Tratamento

A glândula adrenal pode ser sítio de lesões descobertas incidentalmente em exames diversos que, uma vez identificadas, necessitam de investigação quanto à malignidade ou não. No caso das lesões adrenais, será também importante definirmos se essa lesão produz algum metabólito (saber se é metabolicamente ativa).

Os motivos mais comuns de solicitação de exame de imagem com a presença de “incidentaloma” de adrenal são:

  • Avaliação de dor abdominal (30%)
  • Check-up (20%)
  • Investigação de problemas no fígado (12%)
  • Controle após cirurgia abdominal (11%)
  • Dor lombar (7%)

A maioria dos tumores ou nódulos adrenais é descrita como lesões benignas e metabolicamente inativas, ou não funcionantes.

O estudo metabólico dessas lesões, porém, pode demonstrar algum grau de atividade endócrina e possíveis prejuízos à saúde do paciente, como diabetes mellitus, osteoporose e hipercortisolismo.

Testes endócrinos e exames radiológicos têm sido descritos em forma de algoritmo para avaliar a etiologia das massas adrenais. A evolução dos aparelhos de tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia, técnicas de cintilografia e cateterização vascular seletiva tem permitido um diagnóstico cada vez mais preciso.

O tratamento cirúrgico dessas massas também sofreu uma mudança nos últimos anos com o advento da cirurgia minimamente invasiva, tornando a adrenalectomia laparoscópica uma alternativa extremamente vantajosa em casos selecionados.

Quais as causas dos nódulos e tumores adrenais incidentais?

Eles podem ser classificados em massas adrenais:

  • Funcionantes: hiperplasia adrenal congênita, hiperplasia nodular, síndrome de Cushing subclínica, aldosteronismo primário, feocromocitoma, tumor primário de adrenal.
  • Não funcionantes benignas: adenoma, adrenolipoma, cisto, ganglioneuroma, hamartoma, hemangioma, infecção (tuberculose, fúngica, histoplasmose, criptococose), leiomioma, lipoma, mielolipoma, teratoma.
  • Não funcionantes malignas: carcinoma metastático, carcinoma adrenocortical, melanoma maligno primário, ganglioneuroblastoma, leiomiossarcoma, angiossarcoma.
  • Massas pseudoadrenais: massa pancreática, massa hepática, massa gástrica, massa renal, baço acessório.

Como complementamos o diagnóstico?

Para definição diagnóstica, duas perguntas devem ser respondidas após a identificação da lesão de adrenal:

  • A massa possui atividade hormonal?
  • A massa é de origem maligna ou benigna?

Para responder a estas perguntas, devemos lançar mão de exames laboratoriais e de imagem.

Avaliação endócrina

A avaliação de um paciente deve iniciar-se por uma cuidadosa anamnese e exame físico, com especial atenção a sinais e sintomas de hiperfunção adrenal.

Os testes bioquímicos têm por objetivo avaliar a presença de secreção autônoma de cortisol, catecolaminas, aldosterona e hormônios sexuais.

Massas secretoras de cortisol

O hipercortisolismo está presente em 5% a 47% dos ‘incidentalomas’. Os pacientes podem apresentar hipercortisolismo autônomo sem sintomas clínicos, sendo denominados portadores de síndrome de Cushing subclínica (SAGH-subclinical autonomous glucocorticoid hypersecretion). Existe uma diferença entre a SAGH, que se refere a uma anormalidade bioquímica que nunca desenvolveu manifestação clínica, e a síndrome de Cushing pré-clínica, que é o estágio precoce da síndrome de Cushing.

O teste de supressão com 1 mg de dexametasona noturna tem sido utilizado para triagem de ‘incidentaloma’ de adrenal. Apresenta sensibilidade de 70,5% a 98,9% e especificidade de 80,5% a 98,9% na síndrome de Cushing.

Dosagem de dexametasona em dose mais elevada (8 mg), dosagem de cortisol urinário livre de 24 horas e teste dinâmico com o hormônio liberador de corticotropina (CRH) podem complementar a avaliação laboratorial.

O aumento da prevalência de hipertensão, obesidade central, diabetes e condições metabólicas, como elevação dos triglicerídeos, tolerância aumentada à glicose, maior quantidade de placas ateroscleróticas, têm sido descritos na literatura.

Dados conflitantes são observados com relação à massa óssea e ‘incidentaloma’ de adrenal. Alguns acreditam que o ‘incidentaloma’ aumenta a incidência de osteoporose. Outros estudos não observaram alterações na densidade óssea lombar e femoral quando comparado com grupo-controle.

Massas secretoras de mineralocorticoides

A incidência de aldosteronoma em ‘incidentalomas’ varia de 1,6% a 3,8%. A causa mais comum de aldosteronismo primário é o adenoma produtor de aldosterona.

A concentração de aldosterona no plasma dividida pela atividade da renina plasmática apresenta um valor que demonstrou ter sensibilidade e especificidade suficientes para diagnosticar desordens do sistema renina-angiotensina-aldosterona.

Testes adicionais podem ser realizados, como teste com 25 mg de captopril, teste de supressão da fludrocortisona e sobrecarga salina.

Se o diagnóstico de hiperaldosteronismo primário estiver feito, a cateterização da veia adrenal ou cintilografia com I131-iodocolesterol poderá confirmar se o lado da produção de aldosterona é condizente com a presença de massa adrenal secretora de mineralocorticoide. O maior propósito é diferenciar adenoma produtor de aldosterona de hiperplasia adrenal bilateral, pois a detecção de massa adrenal não define sua produção hormonal.

Massas secretoras de catecolaminas

Feocromocitoma é encontrado em 5% dos ‘incidentalomas’. A elevação da excreção urinária de 24 horas das catecolaminas livres (norepinefrina e epinefrina) ou metabólitos das catecolaminas (ácido vanilmandélico e metanefrinas totais) tem sensibilidade de 87,5% e especificidade de 99,7%. A mensuração das metanefrinas livres plasmáticas possui uma alta sensibilidade (99%) e moderada especificidade (82%), sugerindo ser este o melhor teste inicial no momento.

Massas secretoras de hormônio sexual

A dosagem de sulfato de deidroepiandrosterona deve ser realizada na suspeita de carcinoma adrenocortical e outros hormônios sexuais, femininos e masculinos, conforme o quadro clínico.

Quais exames devemos realizar?

Foram identificadas diferenças radiológicas singulares entre os ‘incidentalomas’, podendo assim sugerir um diagnóstico mais preciso. A estas características se definiu como o fenótipo da imagem.

Tomografia computadorizada

A prevalência de lesões menores que 1 cm é de 1%, 1 cm a 2 cm é de 7%, 2 cm a 4 cm é de 51% e maiores que 4 cm é de 41%. Nos casos de adenomas, é observada a alta presença de lipídios (40%) em células neoplásicas. Este conteúdo gorduroso possibilita a diferenciação entre massas adrenais benignas e malignas com alta acurácia (89% a 96%). As lesões com menos de 4 cm e baixa densidade em TC não-contrastada, com washout rápido na fase tardia e homogeneidade, sugerem tratar-se de adenoma.

Ressonância magnética

Na ressonância magnética, adenomas típicos, ricos em lipídios, apresentam um ‘signal drop’ em imagens ponderadas em T1 e T2. As lesões malignas, por sua vez, apresentam-se isointensas ao rim em T1 e hiperintensas ao rim em T2, com washout tardio.

Cintilografia com I131-iodocolesterol

A cintilografia com I131-iodocolesterol é usada para detectar adenomas de secreção autônoma. Se houver supressão da glândula adrenal contralateral, esta confirma a funcionalidade da lesão.

Cateterismo venoso

O cateterismo venoso seletivo está indicado em casos de feocromocitoma, onde a análise das catecolaminas por veia pode confirmar o lado da produção hormonal, sendo também utilizado na investigação de aldosteronismo primário.

Tratamento cirúrgico

A avaliação cirúrgica está indicada nos casos em que a lesão seja maior que 4 cm, funcional, ou apresente características malignas.

A adrenalectomia laparoscópica é o procedimento de escolha para adenomas não funcionantes, pequenos feocromocitomas e aldosteronomas. A adrenalectomia aberta é reservada para casos suspeitos de carcinoma adrenocortical ou massas muito grandes.

Conclusão

A avaliação e o tratamento das lesões adrenais incidentais demandam uma abordagem multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, cirurgiões e radiologistas. Através de exames laboratoriais e de imagem precisos, é possível diferenciar lesões benignas de malignas e definir o tratamento adequado, seja ele conservador ou cirúrgico.

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Meta Descrição

Descubra como avaliar e tratar lesões adrenais incidentais, incluindo exames laboratoriais e de imagem, e as opções de tratamento cirúrgico.

Perguntas Frequentes

  1. O que é uma lesão adrenal incidental?
    Uma lesão adrenal incidental é um nódulo ou tumor encontrado acidentalmente durante exames de imagem realizados por outros motivos.
  2. As lesões adrenais são sempre malignas?
    Não, a maioria das lesões adrenais são benignas e não produzem hormônios. No entanto, é importante investigá-las adequadamente.
  3. Quais exames são necessários para avaliar uma lesão adrenal?
    Os exames incluem tomografia computadorizada, ressonância magnética, cintilografia e testes laboratoriais para verificar a atividade hormonal.
  4. Quando a cirurgia é indicada para lesões adrenais?
    A cirurgia é indicada quando a lesão é maior que 4 cm, funcional ou apresenta características suspeitas de malignidade.
  5. O que é uma adrenalectomia laparoscópica?
    É uma cirurgia minimamente invasiva para remover a glândula adrenal, indicada para adenomas não funcionantes e outras lesões menores.
  6. Qual é a importância do diagnóstico precoce das lesões adrenais?
    O diagnóstico precoce permite uma melhor avaliação da natureza da lesão e a definição do tratamento mais adequado, evitando complicações futuras.

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