Incontinência após Cirurgia para Câncer de Próstata. Qual é a Verdade?

Este texto é baseado em uma revisão da literatura publicada na revista Sexual Medicine Reviews. Autores: Vera Trofimenko, Jeremy B. Myers e Willian O. Brant, disponível antes da publicação para membros da ISSM.

 

A incontinência pós-prostatectomia possui um grande e longo impacto nos homens que passam a te-la após uma cirurgia para câncer de próstata.

 

Nesse texto vamos procurar entender a verdade em relação ao assunto e como podem ser diferentes os números apresentados pelos cirurgiões e os referidos pelos pacientes.

 

 

 

Como definimos incontinência?

 

Para compreendermos os números apresentados em relação ao problema precisamos entender como se definiu incontinência nos estudos científicos publicados pelo mundo.

 

Outro fato importante é que a incontinência referida pelos pacientes varia enormemente, com homens com perdas leves não se queixando de qualquer problema e homens na mesma situação realizando inúmeras trocas de absorventes ao longo do dia.

 

O método utilizado para se definir incontinência também pode trazer números dramaticamente diferentes. Se realizarmos estudo de vídeo-urodinâmica em homens com 4 anos de seguimento pós-operatório, o método revelará 95% de homens com incontinência de stress.

 

É claro que 95% desses homens não apresentam perdas a ponto de atrapalharem o seu dia-a-dia e se considerarmos a Não necessidade de troca de um absorvente pequeno ao longo do dia – esse é o critério mais utilizado – teremos mais de 95% dos homens continentes após 36 meses da cirurgia.

 

Um outro problema muito pouco discutido é a Climatúria, ou seja, perda de urina durante o orgasmo. Se considerarmos a climatúria teremos 16% dos pacientes referindo perdas urinárias “em todos os orgasmos” e 77% referindo “perdas ocasionais ou raras”

 

 

 

Quais são os preditores de incontinência no pós-operatório?

 

Existem alguns fatores que podemos identificar pré-operatoriamente que podem afetar a recuperação da continência após a cirurgia.

 

Esses preditores de incontinência são:

  1. Obesidade ou sobrepeso (IMC)
  2. Idade igual ou superior a 65 anos
  3. Presença de outras doenças crônicas (diabetes, hipertensão, doenças neurológicas crônicas…)
  4. Disfunção erétil antes da cirurgia
  5. Sintomas de obstrução prostática

 

 

 

Incontinência Urinária de acordo com a Técnica Aberta e a Técnica Robótica

 

Já houve muita discussão em sobre qual das técnicas operatórias poderia causar menos incontinência, mas já está consistentemente comprovado que ambas são equivalentes.

 

Há uma certa vantagem em relação a robótica por causar menos dor ao orgasmo e recuperação mais consistente da climatúria.

 

 

 

Resultados pós-operatórios relatados por Cirurgiões X Pacientes

 

Os índices de recuperação da continência urinária são comprovadamente superiores quando reportados por cirurgiões do que quando reportados por pacientes.

 

Cirurgiões experientes relatam taxas de continência de 90 a 97%, mas os pacientes desses mesmos cirurgiões relatam continência após um ano de 27% a 88%.

 

Questionários enviados por pacientes 6 meses após a cirurgia revelaram incontinência de qualquer monta em 65% dos casos, com metade deles necessitando de alguma forma de proteção para o dia-a-dia.

 

A compreensão desse processo é complexo e passa dede fatores de confusão na aplicação dos questionários, diferentes definições de incontinência até a desiguais posturas de pacientes diante de seus médicos em um atendimento formal.

 

 

 

Robótica x Aberta, estamos explicando direito?

 

O grande entusiasmo com a cirurgia robótica por sua menor invasibilidade, mesmo com resultados oncológicos e de potência e continência consistentemente semelhantes, tem levado muitos médicos a superestimar o valor da técnica na recuperação da continência.

 

A prova disso é que os pacientes submetidos à prostatectomia radical são comprovadamente mais insatisfeitos do que os pacientes submetidos à prostatectomia aberta. Mas os resultados em relação a técnicas são semelhantes e o número de pacientes incontinentes na mesma intensidade é igual com uma ou outra técnica.

 

A questão que explica a diferença na satisfação pessoal do paciente é a maior expectativa em relação técnica divulgada como tecnologicamente superior, e que por isso deveria ser melhor em todos os quesitos. No caso dos pacientes submetidos ao tratamento convencional há maior alinhamento de expectativas e pacientes mais satisfeitos em comparação ao tratamento robótico.

 

Cada vez mais conseguimos curar pacientes que viverão por mutias décadas e precisarão de boa qualidade de vida para isso. Os médicos tendem a subestimar a incontinência de seus pacientes, tendem a sub-diagnosticar e, por isso, deixam de tratar eficientemente esses homens que poderiam viver ainda melhor.

 

Assim, é preciso saber informar melhor e a seguir melhor os homens submetidos a prostatectomia radical, pois podemos ajuda-los em todas as fases da recuperação e em casos com baixa qualidade de vida propor tratamentos que recuperam a continência seja causada pelo esforço, seja durante as relações sexuais.

 

 

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